sábado, 1 de outubro de 2016

Vários “Nascimentos” às vésperas das eleições de 2016 por todo o Brasil ou criminalização da democracia representativa?

Vivemos momentos difíceis no âmbito da política. Todos devem se lembrar do filme Tropa de Elite 2, aonde o herói Nascimento espancava o político corrupto em defesa da sua família, contra o sistema da  corrupção. Nos cinemas, as platéias ficaram comovidas e talvez tenham se sentido vingadas quando o nosso novo salvador resolvia os problemas do país por seus próprios meios. E o fazia personificando o sistema em uma única pessoa. Hoje os jornais nos mostram os outros Nascimentos, os policiais e ex policiais que formam as milícias, grupos armados que cobram pelos seus serviços. Há candidatos que buscaram apoio destes grupos para logo mais, no domingo. Os valores são elevados, causando obviamente muitos lucros. As milícias, dizem, cobram até 120 mil reais de candidatos que queiram fazer propaganda em áreas de seu controle. Mas as milícias oferecem também diversos serviços aos moradores, como transporte, segurança, venda de bujões de gás e instalações de wi fi. Provavelmente seja possível afirmar que as milícias sejam mais fortes aonde o estado seja mais fraco, ou menor.

Em carreata, candidato a prefeito foi assassinado no interior de Goiás
Um levantamento, realizado pelo jornal O Estado de São Paulo, apontou que ao menos 96 pessoas, entre prefeitos, secretários municipais, candidatos e militantes, foram executadas por motivações políticas entre janeiro e setembro deste ano de 2016. As proibições de doações empresariais, o menor tempo de campanha, os pelo menos vinte candidatos assassinados e o “Fora Temer”, não serão os únicos fatos lembrados nas retrospectivas do final de ano. Por todas as regiões do Brasil continuam acontecendo execuções de políticos, e o termo pode ser aqui utilizado, pois políticos não são apenas os candidatos aos cargos públicos. A violência acontece com os familiares dos candidatos, com os militantes, contra os políticos, entre eles, e para além deles.

Em abril, o Movimento Estudantil Popular Revolucionário denunciou agressões sofridas por seus militantes, cujas violências teriam sido praticadas por dirigentes do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado. Em setembro um ex militante do Partido Comunista Brasileiro publicou fotografias em seu perfil no facebook se referindo a agressões físicas feitas por pessoas ligadas ao mesmo partido. Que por sua vez teve suas reuniões vigiadas por policiais, mais de uma vez, em meses anteriores. A violência continua, portanto, e intensificada.

As disputas eleitorais começaram oficialmente em agosto, e hoje se verificam assassinatos, somente aos candidatos, em todas as regiões do Brasil. Com uso de armas de fogo e de objetos cortantes, como facas e chaves de fenda. O estado aonde houve mais ocorrências foi o Rio de Janeiro. E nesse período, desde agosto, foram mais de cem falecimentos de candidatos, sem existir informações sobre as mortes. Houve execução durante carreatas, facadas no pescoço, disparos de fuzil em comitê de campanha, tiros quando o político saía de casa, candidato para reeleição morto junto ao seu filho, e muito mais. Houve uso de armamento das forças da segurança pública. Há filmagem com assassino usando colete da polícia, nos trazendo a lembrança o nosso herói dos cinemas brasileiros, como o Nascimento.

A violência acontece com partidos diversos, envolvendo todos os que participam do falso antagonismo volta-querida-fora-temer. O partido que teve mais vítimas foi o PSDB, mas o PMDB, PTB, PRB, PCdoB, PDT, PEN, PMB, PP, PSB, PSL e PTC também perderam candidatos assassinados. Em Governador Nunes Freire, no Maranhão, em 2014 houve espancamento com várias fraturas no crânio, resultando na morte do vereador Paulo Lopes Sales, do PT. Lembremos que simplesmente usar a camiseta do Internacional de Porto Alegre, já bastou para acontecer agressão. Por várias maneiras, a nossa democracia representativa, estará sendo combatida?

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